Sahara






O vento, 

O mar,
Fluí imensamente,
A imensidão de um sentimento nunca antes sentido
No princípio
Medo, desconfiança
Num deserto doirado
Perdido no tempo
De seguida,
Esperança,
Fé em algo que arde intensamente
Nos cegos olhos do amante
Continua coração andante
Emergindo do precipício
Para o criativo
Perdidos
Nas labaredas do amor e da paixão
Ardendo nas praias quentes do Saara
Olhos postos no laranja e púrpura
De um céu tão imenso e abandonado
O Sol a esconder-se nas barreiras da terra quadrada
A ilusão a difundir desejo
Pois a lua já vem no seu carro
Feita de fogo branco que queima o coração
Dos que amam
Ardem rosas nos teus olhos, eu vejo
Pois que ardam
Também dentro do jardim do Éden
Anjo escarlate
Castiga no jardim as minhas paixões
Com a tua cimitarra em fogo
Pois lá procuro-te ardente
Enlouqueço em teu templo
Que ergui com o meu fogo de Prometeu
Com o meu poder mortífero
Que só os que amam tem
Não temo essa espada
Tão bem encurvada, tão lisa e suave no seu corte
Essa que mata deliciosamente
A minha alma demente
Não quero voltar aos Invernos frios do Abissal monte
Onde só há solidão
Lá vivo vida de morto
Aqui revivo e encarno dentro da morte
Debaixo de tal céu estrelado
Vejo cavalgar um Pégaso alado
Brilhante
Como um bruto e raro diamante
É nesse momento que sei que me Elevas para o céu
Queimando esse jardim de pecado e sofrimento, doçura
Ho! Sim, sinto que ascendo
Que me torno outro, que derramas em mim
O prazer que sempre quis
Ergues o meu véu
Que carregava o meu medo
Agora não temo
E cravo as garras nas tuas colossais costas
Para chegar ao céu mais rápido
Estamos a voar
Já oiço coros de Uriel
Serafins de Prata
Querubins de oiro
Já oiço os alados anjos cantar
Meu Abissal príncipe salvador
Vens de tão longe para me salvar deste ardor
Que sofro desde que por ti sinto amor
Desde que te vi como príncipe guerreiro debaixo daquelas cerejeiras
Deste-me uma nos lábios
E eu cai na sua suavidade e doce sabor
Ho! Dá-me essas cerejas de novo
Deixa-me prová-las enquanto ascendo para o céu
Pois sei que assim,
Conseguirei chegar mais depressa
Chegar ao celeste enfim
Sim!
Os portões abrem-se á nossa passagem
Que puro, que maravilhoso
Que poderoso
A tua espada corta o que naquele jardim pecador
Ainda existe
Para que não sobre desejo
Nem receio de este amor ter fim
Há! Desfaz-se a tua espada em semente láctea de uma galáxia
Onde floresce uma nova flore
Que um dia será mais uma neste amor
E mais uma vez terás tu
Meu amante do Norte
De arrebatar as muralhas desse jardim
Que se constroem em paixão e sofrimento
Sedentas, de tu as quebrares
Tais barreiras
Firmes mas ligeiras
De um mundo cheio de segredos
Escondidos num corpo virgem outrora meu
Agora leva-me contigo príncipe dos meus sonhos
Leva-me para os altares
Dos santos do teu coração
Que são agora do altar retirados
Pois só há um santo para ti neste momento
A quem deves oração
Único que te pertence só a ti
Um Santo pecador tocado
Pela doce espada de um anjo espadachim
Que exerce um movimento
De implorar misericórdia
Para tu lhe dares mais uma vez
A tua espada cortante
As estrelas sorridentes
Difamam ao sol o nosso amor
Esse santo que te sussurra ao ouvido
Sou eu
E sei que neste mundo
Neste universo
Neste cosmos
Sou imensamente e totalmente …
TEU!



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