A fugitiva


Foge, foge doce flor do deserto
Que vives guerras com os que ambicionam
O que só a ti pertence
Salta muros e vedações
De braçada com esses manuscritos
Esses que são teus paleio
E não para estranhos alheios
Esses que só tem negrura nos corações

Moura encantada,
Dos teus cabelos correm pétalas
Essas que são de rosas negras como o sangue
Esses negros principes,
Que um mouro um dia trouxe
Agora pendem em teus lisos
E esvoaçantes Não te entendem esses
Que querem roubar vossas terras

Tropeça na saia que com o vento dançava
Que os olhos enganava
Como uma santa do altar Cristão
Ou uma ninfa do olhar pagão?
Sois prisioneira dos medos
Mas tens coragem no coração
Carregas os manuscritos com a língua mãe
Que abençoará para sempre a dos
Que te prosseguem sem compaixão

Levantas-te, ergues-te
Continuas a corrida, avistas mar
os pés de sandálias já sangram
É o sangue que derramaste pelo teu povo
Fugitiva, entrega os manuscritos ao mar
Pois muitos mistérios não são
Para esses cavaleiros de cruz ao peito
Revelar
Atira, ATIRA!

O mar ruge, grita e vinga
Os ouvidos dos que te querem bela moura
Querem a tua morte e a tua terra
Cais de joelhos, em tempos que o espírito erra
" Mar, meu mar, tomai o que da minha vida tomou
O meu saber e a minha alma
Leva a minha língua mãe
E não a entregues a outrem
Senão aos anjos e a Uriel."

Rasga-se no céu um brilho
com a voz melodiosa desta Santa
Oh! Moura
Os anjos os teu papéis levaram
E os bárbaros a tua vida tomaram
Os teus entes queridos choraram
Pois tu sacrificas-te a tua vida
Por aquilo que é mais importante num povo
O sal das lágrimas dito em saudade
A pátria de um povo
A história de uma civilização
Lá os dias começaram
Lá os dias acabarão
Nada mais, meus filhos
Nada menos
Que a tenebrosa e poderosa
Cantada, amaldiçoada, abençoada
LÍNGUA MÃE!

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